Ser poeta é...
Meio que emprestar de Deus a onipotência.
É ser despertado pelo dia
todas as manhãs
e saber que não está só
porque terá versos como companhia.

É poder voar no azul da imensidão feito ave livre,
pousar nas nuvens,
ser beijado pelo sol do verão
e enlaçado por seus raios calientes.

Um poeta tem o poder de mergulhar nas profundezas misteriosas do oceano,
tomar da concha o que tem de mais valioso
e o faz sem remorsos,
porque sabe que o amor da pérola é egoísta,
invasivo,
machuca,
sangra.
Desejo dela é sugar de quem a acolhe,
suas forças.
O que mais almeja
é crescer e brilhar
nos dedos das mulheres fúteis
e alimentar o ego dos homens,
vazios de sentimentos.

Ser poeta...
Ai de mim, reles mortal.
É ser um tudo,
um nada,
um ninguém.

É descobrir quando o dia anoitece
e seu corpo cansado procura refúgio
na cama vazia,
que terá ao seu lado,
na noite que dele zomba,
um lápis sem ponta,
uma folha tatuada de sentimentos amassada,
arrancada de um caderno antigo, deixado esquecido
na gaveta pensamento.

Maria Isabel Sartorio Santos
© Todos os direitos reservados