O meu grito silenciado
Pelas tuas mãos grosseiras
Como o sangue das trincheiras
Do meu coração partido
Como um raio destemido
Que clareia a madrugada
Como a chuva na estrada
Que transforma a terra em barro
E as savanas dos Cerrados
Que incendeiam suas matas.

Quem nunca comeu o pão
Que o diabo amassou
Desconhece o que é dor
É amor alugado numa vala
Uma vaga comprada de uma casta
Feito sal no sangue diluído
É veneno, ferida de espinho
Solitária voz embriagada
Chorosa lua atormentada
Por um céu nebuloso e carcomido.

Quando a besta do Apocalipse
Invadir seu sonho atormentado
N'um cavalo furioso, n'um martelo agalopado
Não se assuste com o fogo
Dos seus olhos mistagogos
É o corte profundo de uma espada
Perfurando profundo sua alma
Retirando o pó de sua espinha
Transformando seu ódio em alegria
Derretido no fundo de uma fornalha.

E para terminar meu canto
Deixo o meu perfume de rosas
Onde as suas pernas tortas
Caminham sem destino
Viciada no igual mesmo caminho
Onde vagam cíclicos errantes
Mercenários, ladrões e cães uivantes
Que ano a ano loteiam sua casa
Transbordando e a deixando rasa
Como a jarra vazia de um bom vinho.