A ausência de confiança em expor o que o papel tanto sabe sobre o que sinto
Me faz continuar uma história de longas emoções
Talvez você não saiba (e até seria bom que não soubesses)
Mas por vezes em que meus olhos te viram, minha reação se fez semelhante a de uma criança com pouca idade que vê o ceu estrelado
Assombro, espanto, contemplação, admiração.
Mas essas reações infelizmente não conseguiram ser expressas diretamente a você
Essas reações encontravam um muro que até hoje, parece ser intransponível.
O problema é que o tempo é ingrato.
E mesmo que seja algo impessoal, sem qualquer papel causal, nele, coisas acontecem
E dentre essas coisas, está a perduração daquilo que chamo de nossa história.
Constantes indecisões de minha parte tornam o livro de nossas vidas maior e maior.
Páginas e mais páginas já escritas, e o fim tão sonhado por mim cada vez parece mais irreal.
Será que estou certo?
E se estiver?
Tanto tempo gasto pensando em você, fazendo coisas para você, vivendo para você.
Será que nossa história se resumirá a um parênteses?
A beleza daquilo que vejo ser escrito dia após dia não pode estar chegando ao fim.
O movimento suave da caneta, descrevendo momentos nossos, momentos seus, você, não pode estar com os dias contados.
São encontros e mais encontros empilhados, conversas e conversas amontoadas, tantos momentos juntos escritos na agenda de nós dois, agenda essa que, infelizmente, é apenas lida e acessada por mim.
O tempo vai passando, e mesmo que o fogo da paixão se esfrie, o que me doi é saber e perceber que nossa distância está aumentando.
Que as páginas antes escritas semanalmente estão perdendo a sua constância
Que a protagonista da história que estava a ler está saindo de cena.
Ah, como doi ter ciência disso.
No mundo da fantasia onde um dos personagens sou eu, ver o encanto ir desaparecendo aos poucos tira a graça da leitura... tira a graça da vida.
Como encontrar graça quando a mais graciosa das pessoas já não se fazer mais presente?
Como encontrar graça quando aquela que traz doçura e leveza para a vida se vai como o sol ao anoitecer se retira do nosso campo de vista?
Por mais que folheie, não consigo chegar a última página, aos derradeiros escritos.
Só espero que, caso o fim dele esteja próximo, que haja um segundo volume a nossa espera, onde as aventuras e desventuras vividas por nós até aqui, cheguem, enfim, a um final feliz.
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