Ah se eu pudesse exprimir tudo o que sinto dentro de mim

Certamente o fardo de carregar tantas palavras e sentimentos seria (levemente) aliviado.

Ah se eu pudesse esquadrinhar sua mente, saber seus gostos, sonhos e desejos.

Saber quem és no seu íntimo.

Talvez tantas perguntas hoje sem respostas pudessem ser respondidas.

Poderia, quiçá, tentar mergulhar no seu mundo, e me tornar alguém que despertasse interesses além dos amistosos.

No fundo são desejos; sonhos; aspirações que brotam constantemente em mim, que não conseguem encontrar realização no mundo físico.

Ao fim, o que resta é a insólita companhia da solidão. Estar comigo mesmo já não me basta, minha própria companhia não me satisfaz mais.

O amor próprio se tornou corriqueiro.

Se eu fosse capaz de elencar em frases gramaticalmente corretas e profundamente significantes aquilo que tanto habita na mente, no coração, que transborda em textos e mais textos, talvez tantas ilusões criadas sequer existissem.

Ah se eu pudesse nunca ter me encantado, ter me apaixonado, ter sentido o gosto do que parece ser o amor com você.

Talvez minha vida fosse mais fria; mas gélida, menos colorida e com menos sorrisos espontâneos abertos.

Porém talvez sofrimentos e lágrimas fossem evitados.

Ah se eu pudesse mostrar tudo o que você me causa

Ah se eu pudesse mostrar a maravilha que meus olhos veem ao encontrarem os seus

Ah se conseguisse fazer o que outros conseguiram:

Te conquistar. Ser alguém conquistável.

Talvez eu visse o dia raiar mais uma vez.

Talvez o viver se tornasse menos monótono.

Talvez enfim eu conhecesse de perto o amor.