Tem um momento na vida que a poesia se cala
Os versos se embaralham
As frases se invertem e voltam
Como baratas no canto da sala.
Leva um tempo até perceber que o silêncio também é poema,
Que não precisa abrir a boca pra entender fonemas,
Que as causas são inspirações
Das mais alegres às mais dolorosas.
A ausência às vezes é abrigo
Mas não precisa ser morada,
Tudo é passageiro,
Igual aquela conversa na sacada
Se foi, abstrata, fria e certeira
Agora forasteira, em um mundo longínquo.
Lamento ter sofrido
Ter um coração partido
Lamento, sem letras, ter o tempo perdido.
A caneta, o dígito, o giz
Leva a cura pra dentro da alma
Girassóis amarelos e elos anis.
A poesia floresce, irradia o ser
Abre as comportas até florescer
Muito mais que só terra e verde
Floresce o EU até o próximo amanhecer.
Alegrias diferentes para transbordar
Um emaranhado de palavras
"Se esforce pra ser feliz!"
Ouvi um grito no meu silêncio
E fez despertar
Que todas as passagens importantes,
São irrelevantes se não souber aproveitar
E mesmo que refletir seja necessário, e é,
Uma hora terá que levantar
Sacudir a poeira, pegar a caneta
E poematizar.
Ame a poesia que há em todas as coisas, principalmente dentro de si.
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