O valor da amizade

 
Vou parafrasear a canção quando diz “que amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito” de tão importante que é, que foi assim que o autor definiu a amizade. Mas, hoje, onde o virtual sobrepuja o real, até a amizade, que era artigo de grande valor, uma joia preciosíssima para muitos, atualmente vem perdendo o valor. Embora de grande importância e valor inestimável, a amizade, que deveria ser eterna enquanto durasse, tornou-se frágil e sem valor. É como um cristal que com um toque tão leve podemos quebrá-lo. A amizade não é apenas um sentimento. Ela sempre traz como conteúdo uma pessoa. É a mão dentro de uma luva que dá sentido a luva. A amizade não tem preço, ou podemos dizer que é incalculável, porém, é preciso pagar um alto preço, também incalculável para mantê-la. Ela é simples mas muito complexa por que, como eu disse, por trás de uma amizade tem uma pessoa, tem um coração que pulsa, tem um amigo. Amigos têm sentimentos, por essa razão, a amizade se torna uma via de mão dupla onde os amigos, transportam empatia, solidariedade, apoio, confiança, encorajamento, amor e tantos outros sentimentos vitais para a solidificação da amizade. A amizade é como uma ponte que liga várias vidas em um único viver. Amizade é sim e é não, é dúvida e certeza ao mesmo tempo, é contradição de opinião, é barreira muitas vezes, mas, sempre será olho no olho, verdade, sinceridade, carinho e acima de tudo, humanidade. A verdadeira amizade é como um grito que ecoa na escuridão para dizer-nos que não estamos sozinhos. É como um farol sempre nos alertando da bravura do mar e das intempéries do mundo com suas armadilhas. É chorar com os que choram, alegrar-se com os que se alegram, sentir a dor do outro, regozijar-se com a felicidade alheia. É nutrir e ser nutrido com a esperança de vida melhor, é incentivo em palavras sinceras, é cuidar e ser cuidado sem ser chato. Mas, é com tristeza que vejo que essa via está se tornando de mão única, sem retorno e com muitos pedágios a serem pagos. O vai e vem dos amigos está reduzido na tela de um celular. O falar face a face foi substituído por “emojis” virtuais que tentam expressar mecanicamente os nossos reais sentimentos. Expressamos a hipocrisia disfarçada em sorrisos. Maquiamos a verdade e a escondemos em nossa caixa de mentiras. Demonstramos alegria, felicidade, tristeza, paz, amor e esperança com “carinhas” que não traduzem verdadeiramente o nosso interior. Abraçamos e somos abraçados mas não sentimos o calor desse abraço. Deixamos o nosso “joinha” para acariciar o orgulho, alimentar o ego e a altivez de quem está distante e, até mesmo o nosso, depois de uma “postagem” que não edifica em nada, apenas para ver como está o nosso gráfico virtual de amizade. O quanto mais “like” melhor, substituiu o quanto mais amigos, melhor. É possível termos centenas e até mesmo, milhares de amigos virtuais, quando na realidade, os contamos nos dedos de uma única mão. Por isso meus caros amigos, quero abrir o lado esquerdo do peito como um relicário onde guardo somente aquilo que tem valor e polir as joias que lá se encontram, os amigos, e fazê-los brilhar como outrora. Não os quero perdê-los por causa da preferência pelo meu time de futebol, a amizade é muito mais valiosa do que uma partida futebolística. Não quero que se afastem por causa do meu politico preferido, por isso, não tenho preferências politicas. Não os quero indiferentes ou repugnantes por causa da minha opção de fé, porque Deus está acima de todas as coisas e, somente por Ele e através Dele é que podemos medir o verdadeiro valor da nossa amizade.

Zeca Moreira – 11-01-2021

 

Zeca Moreira
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