Quando aflora o instinto, sinto, o teu nome na mão,
Na textura da pele, na areia que me arde nos olhos,
No grito da ave noturna, no pão que saboreia a minha boca,
Transpassa-me o coração sentir os elementos da ausência
A carne aguenta porque depura, porque inventa um corpo substituto,
Para preencher os vazios do mundo
Mas os dois corpos arderão sobre o lençol, e o meu, não sabe onde se deita,
Nessa confusão dos sentidos, nesta orgia indefinida de quem é de quem
Nesta zona fronteiriça aos céus
Desfaz-se a embriaguez de quem beija o coração faminto.
A tez da mulher nua a me inventar delírios em músicas,
E ameaça retalhar o tempo para que os astros nos penetre a garganta,
A iniciar-se um tempo onde a boca se desfaz na lua,
E vemos todas as mulheres passando pensativas, os véus de rendas sobre os olhos de ópios
Sobre os amores que juraram gemer juntos,
Sobre os tecidos da cama, sobre os corpos amantes de homens e dos santos,
Não de anjos, pois anjos nada sabem sobre sexo
Charles Burck
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