Mas ela escondia o rosto, pressentida, temida dos sutis prazeres de amar,
A alma transbordada de rios, vazava desejando o mar,
Louca com as contidas intempéries à feição do encontro, como se cada palavra dita por ele fossem as delas, furtadas por ele, aos sentidos dos olhos,
E transpirava como se a coreografia das pernas não lhe pertencesse,
As pulsações vacilantes dos veios do ventre ganhavam voos na imaginação para longe, onde ela não as podia controlar,
E choviam pétalas que caiam como se os céus vertessem flores,
Havia mais, aquele sorriso que a desnudava, que sabia de todas as urgências que a habitavam
Os relógios pareciam o tempo fracionando-lhe a pele, a ela que buscava um álibi de fuga;
Já sentia perdida a identidade, a cada fisgada dos músculos que tremiam, desejando trai-la
E ela retirou o vestido e se admirou, nua,
Charles Burck
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