Não penses que eu saíba alguma coisa sobre os caminhos da vida, a cada dia sei menos
Da minha alma presa numa face de ferro e músculos de aço,
Os pés rachados e as mãos encardidas, só tinha os olhos límpidos,
E o coração livre
Olhavamos-no convencidos que éramos gente comum, pessoas no seu quotidiano, indo a busca de trabalho, de seus vulgares e mesquinhos quinhão de convivências envolvidos numa homogênea e abundante massa perdida como um todo
Mas de nossas prisões havia mais, sabíamos buscar as forças que nos davam a sensação que juntos não éramos sós e vulneráveis, tentamos subverter a lógica de ser
O que aconteceu? 
Fomos feridos por ousarmos a criar ruas invisíveis, horas mais longas e ilhas entre um mar de gente
  E a certa altura nos vemos perdidos um do outro
Neste vazio cheio de pessoas, dos argumentos simplistas, das difíceis teias pegajosas
Que vão juntando culpados dos inocentes
Os ermos, os solitários e as solidões
 
 
Charles Burck

Charles Burck
© Todos os direitos reservados