Os amores mortos e insepultos zombam dos vivos,
Somos uma geração à beira do abismo dando risadas dos riscos,
Não há que se dizer que não é bela a paisagem,
O paraíso é logo ali em baixo,
Os textos crus nas bordas do lago desfiam dor e poemas,
Valho-me da vida para purgar o avesso de mim, o saber endócrino, o viver um dia já vale um vida,
Ferro moldando ferros, pó gerando pedras, cascas e galhos colados nas molduras do dia,
Vejo-te parir, deste mundo a dois, as tuas alegorias, figuras de linguagem, uso apropriados à retóricas dos que se escondem de si
Dá de ti o mais que tu és, mistura a argamassa da construção ao teu primeiro nome,
Os significados de amar e sofrer, diluídos além do literal dizer..
Reforças os músculos para os trabalhos dos braços, gera o sustento de si, sem precisar de mais ninguém,
Gritas fazendo coro aos sons vindos do fundo da terra.
Apedreje o céu se puderes, mas desças antes ao inferno para buscar as pedras,
Charles Burck
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