Nada veio como sempre vinha... O pássaro não veio comer alpiste na minha mão,
Mas tem um pé de assovio cantando no meu quintal,
Eu sei que a liberdade depende de não haver cobranças,
Mas qualquer ausência dela me cansa, não aprendi a dominar os espaços,
Vago solto, perdido, tem um sanhaço dizendo que eu estou tonto
Cabia dentro do sentimento um nada sentir, de abrir os braços e pedi para voar
Longe de tudo, só sentir o vento, não pensar, ajeitar os meus delírios feito concha no ouvido
Dá um rasante bem perto dos olhos dela,
Ouvir o mar remexido fazendo festa no meu quintal
Tem uma magia plantando flor de laranjeira na sua grinalda,
O encantamento pertence aos olhos dos homens que esquecem suas dúvidas,
Eu sei muito bem dela, mas não conto tudo, acho que ainda n sei explicar,
Ou nem mesmo sei o que sinto, é mais sempre do que digo
Faz tempo que espero, o passarinho hoje veio,
E me contou que a espera amadurece os frutos mais tarde,
Cantou-me uma canção de caminhar, disse que a estrada é longa,
Mas que sempre tem uma bela parada,
Uma água fresca e os olhos brilhantes cheio de luz
Um sorriso nos lábios de quem se ama
Charles Burck
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