Ela repetia: as folhas não são azuis, e corria para escondê-las de mim
Pois eu pintei para ela uma arvore inteira, folhas, tronco, amor e solidão, mas a amei depois
Mais do que sempre, mais do que antes
Assim que a vi a desejei
Entre a noite e a manhã não existem leis, não, mas ao amor a cadência é outra
Não há centro, nem espaço, nem tempo, a unidade sai de nós, e vai morar no outro,
A nossa cabeça desmonta o universo, e faz versos para quem nem sabe de nós,
É científico se atirar no que somos? O que nos impede de sermos o que desejarmos, de navegar como peixes nas águas que nos apraz?
Mas há ma rede de malhas esticada no meio do mar, uma armadilha no azul
Um filtro de poluir nossas sedes, os desejos a extrair as palavras à alma,
Se não sentirmos assim, na perdição do que somos não estamos amando,
O conhecimento que se perde, desanca, lavra, depura, despoja de toda a ligação com o que éramos antes,
Um grão atirado ao pó de nascer de novo
Todas as sensações a nos circunscrever, a definir-nos como coisa única,
Um ponto na metafísica, a imprecisão do universo grudada nos nossos olhos,
Pendurei-me nos galhos, e deixei os meus azuis voarem,
Houve um tempo que eu pensei que não existias mais
Mas se tudo continua azul,
Para que definições, azul é azul
Charles Burck
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