Primeiro de Janeiro

É primeiro de Janeiro.

Estou em Campos do Jordão.

Tento dar continuidade ao meu livro Primeiro,

Mas me falta inspiração.

Nesses momentos de bloqueio

Escuto música, leio livros e ando.

Mas será isso fuga ou devaneio?

Não deveria eu estar escrevendo mesmo errando?

No bloqueio de hoje, ineditamente,

Estou escrevendo poesia. 

Mas não sei se isso me ajudará.

Mas tento me enganar que isso me dará alforria.

Faz dois anos que escrevo e ainda nada perto de terminar.

Meu Deus, será que algum dia terminarei? 

Porra, que coisa difícil…

Escrevo, reescrevo e  reescrevo… até quando reescreverei?

Densas emoções me ocupam a mente.

Não..emoções não. Reflexões.

Coisas de outro mundo. Ah! Que coisa pesada.

Oh, Senhor, que missão difícil me deu! É a missão das missões.

Poesia é algo que sempre fiz muito preso.

Estrofes rigidamente rimadas, palavras bonitas,

Palavras desse e daquele jeito…

E sempre com ideologias ultra complexas e infinitas.

Agora estou livre. Só escrevo.

Está bom? Toca o seu coração?

É melhor que toque, se não, ah, se não nem sei o que faço.

Aliás! Sei sim! Vou descobrir o seu endereço e arrancar seu coração. 

E vou colocar num potinho e deixar de enfeite em casa.

Sabe por que? Porque sou um canibal maluco! Há! E vou devorá-lo! 

Mentira. Inspiro-me tocando o coração do outro.

Quando eu ficar sem inspiração, vou lá tocá-lo.