Estou exausto!
Cliquei no botão encerrar
e de seguida, cliquei desligar
pousei os óculos sobre o teclado
pus os cotovelos sobre a secretária
e segurei a cabeça entre as mãos:
 
- Estou no limite, meu amor!
 
Queria tanto falar contigo,
mas as palavras não me saem.
As palavras não me correm
como os segundos nas nossas vidas.
 
As palavras não me saem
e ficam-se pela nudez do silêncio
como se fossem fantasmas
alojadas no interior do meu cansaço
enquanto o programa corre inexoravelmente para o fim
escondendo as palavras que fogem de mim.
 
Como eu preciso dessas palavras, meu amor!
 
Como eu preciso de falar contigo,
escrever-te um poema
e nele,
dizer-te o quanto te amo,
o quanto te quero e estimo,
mas não consigo,
porque as palavras não me saem,
porque as palavras se escondem de mim.
 
- Estou no limite, meu amor!
 
Fogem-me as palavras,
fogem-me as silabas
fogem-me as rimas e os tercetos…
e até os sonetos me fogem
e eu que tanto gosto de sonetos,
quase tanto como gosto de ti, meu amor,
e sem palavras
fico nesta mágoa, nesta dor.
 
Fatalmente
o programa corre parao fim:
encerrou definitivamente as palavras
que eu gostaria de pôr no teu verso…
 
E eu que tanto necessito de te escrever um poema!
E eu que tanto necessito de falar contigo!
 
Quando abrires o computador
procura as palavras que me faltam,
procura as palavras que se fogem de mim
e se escondem no interior do meu cansaço:
procura amor…
procura carinho…
procura paixão…
procura amiga,
porque são as palavras que mais uso no teu poema.
 
Ah… e procura a palavra
sonhar,
porque esta noite
vou sonhar contigo.
 
Boa noite, meu amor!
 
 
 

 
 

santos silva
© Todos os direitos reservados