Desenho uma mão no papel
e é como se desenhasse meu rosto
Desenho uma mão no papel
e é como se desenhasse meu corpo
Nem desejos afloram nos olhos
Desenho uma mão sobre um tronco
e é como se voltasse à infância
Desenho uma mão sobre um tronco
e é como se brincasse debaixo do transparente
As avenidas se estreitaram
O mundo encolheu de repente
Desenho uma mão sobre um corpo
e é como se voltasse
a pisar os pedregulhos
de uma praia esquecida
Desenho uma mão sobre um corpo
e é como se chorasse
e no pranto as rosas brancas
voltassem a desabrochar
Desenho uma mão sobre um corpo
e é como se marcasse
com ferro em brasa
as ancas de uma bela adormecida
Geovani Bohi Goulart
© Todos os direitos reservados
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