Ouço os trovões que baculejam as naus,

O mar enfurecido sacoleja almas a bombordo

E as vagas irritadas diante do navio gordo

Fazem tremer pensamentos em tênues saraus.

 

Perante o barlavento o barco estremece à esquerda

Quando riscos no céu anunciam rigor à tempestade,

Soltam-se no ar as velas que equilibram calamidade

E torvelinhos tecem a agonia que as águas herdam.

 

Alaridos invadem as noites à convite das procelas

E a lua meio tímida inspira os artesãos tagarelas

Que, mesmo pálidos de terror, escrevem seus versos...

 

As horas se evaporam no tempo e o sol vem brilhar

Na aurora que desperta velhos marinheiros, e o mar,

Acanhado, subleva-se diante de temporais perversos!

 

 

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan de Oliveira Melo
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