Tambores,
Ouço tambores,
Sinto o cheiro das senzalas,
Cheiro de barro do cativeiro,
Escuto os estalos da lenha
Queimando no fogo
Vejo a tina com roupas brancas,
O ferro de engomar
Os passos dos Capatazes,
Dos Feitores
Ainda me rondam nos sonhos,
O olhar do Capitão-do-Mato,
Ainda me vigia
Fui escrava moço
Conheço a dor do Pelourinho,
A revolta da Chibata
Carrego cicatrizes na alma
Sangrei nas mãos dos brancos,
Ainda sangro,
Ninguém me Aboliu
Posso ver as noites de festa,
As oferendas aos orixás,
Velas acesas no chão
O maior alimento do meu povo negro
Sempre foi a fé
Minha irmã foi Mucama,
Escrava na vida
E na cama dos Senhores
Os tambores eram gritos de dores,
As canções eram pranto
Chorei muito naquele canto
Sentada num feixe de Sapê
Salve os Tambores,
Salve Zumbi dos Palmares,
Salve a coragem de Anastácia
Calaram a sua boca de guerreira
Mais o azul dos seus olhos gritava:
Liberdade ao povo Negro
Nelson Mandela,
A luta continua
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