Nunca soube bem como somar dois mais três,

sempre dá mais do que sei, sei lá, multidão,

nunca soube como escrever em papel de parede,

parece que a parede tem sede,

nem adivinho como fazem para somar passeata,

parece sempre que tem mais gente do que falam,

sei é que domingo, o comércio tá fechado,

só os que vivem de religião é que tem seus mercados

de portas abertas para almas incertas,

nunca soube como consertam o fundo das panelas,

nem sei como se faz para medir a pressão

da Bolsa de Valores, dizem que lá só vivem feras,

nem imagino como escolhem poesias num concurso,

deve ser como se escolhem ursos

para o zoológico, alguém deve ter um propósito,

só percebo que quando o sol tá nascendo

ainda é cedo, quando anoitece até os varais tremem,

esse mundo tá de dar medo, sumiu nossa merenda,

criança não vive de renda, acho que sei porque

depois que choro me dá vontade de comer,

nunca soube como velar morto sem tomar café com biscoito,

nunca soube por que o símbolo do infinito é o número oito...

 

Prieto Moreno
© Todos os direitos reservados