O ORLA DA FALTA AO PÃO

 A ORLA DA FALTA AO PÃO
 
Etiópia terra santa
Santuário de horror
Onde a miséria impera
Aos olhos de um mundo
                                   vão.
 
E na generosa ousadia
Comprimem uma nação
Poderes a revelia
Deserdam a orla do pão.
 
Negros, mamelucos e
                       famintos
Manancial de podridão
Miséria exposta ao solo
Perpetuando a visão.
 
Carentes de água e pão
Libertinos do pavor
Que no vale da morte vê
O final da ilusão.
 
E no sacrário resumo
Soldados da colisão
Que veste os olhos da
                          prece
Sem sabor caindo ao
                          chão.
 
Crianças com olhos d’água
Barriga de sedução
Selvagem moléstia arromba
Os grilhões de um mundo cão.
 
Perverso mundo agreste
Do árido pó sobre o chão
Cadáveres esparramados
Pérfido retrato, mortalha
               de uma nação.
 
Empobrece então as mentes
Santo óleo, sangue em vão
DEUS revisa as sementes
Pedindo ao povo ação.

 
                                7/09/2004

Rita Marilda Paulino
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