Ó canto de uma alma atormentada pelas sombras!

Este meu eu, o qual foi engolfado pela tristeza!

Sinto o vazio, um desprezo por mim mesmo, nenhuma beleza!

E sou incapaz de perguntar ao meu eu: "O que te assombras?".

 

Eu nunca pude sentir como os outros sentiam, sou tão amargo!

Enquanto todos se aventuravam na luz, eu me entranhava no escuro.

Meu coração e espírito tornaram-se sombrios, e eu, tão duro...

Meus sentimentos ficaram paralíticos e meu pensar, letargo...

 

Foi então que visualizei como iguais a vida e a morte.

Deixei de me importar com o oblívio e sua ideia ainda me fascina!

Qual será o meu último momento e a derradeira visão de minha retina?

Quem aceitará o gótico em mim e será minha consorte?

 

Eu encerro em mim um orgulho silencioso como um sepulcro

E uma dor que vem e passa como o contar dos segundos...

O que é esta ânsia de infinito, este devorador de mundos

O qual dorme em mim e que quebra o meu sonhar pulcro!?

 

Meu eu já s'acostumou com este caminhar solitário e plangente.

Eu sou aquele que, como tantos, ficou só pelo caminho, incompreendido.

Sou o sonho que ao adentrar um pesadelo, ficou paralisado, perdido

E apenas aguarda a vinda da letal agente...

 

Eu experimentei diversos sentimentos, mas a angústia é minha senhora.

Eu vou bebendo o tédio, alimentando um monstro em mim...

Começo todas as coisas com a visão ansiosa do fim

E preciso morrer, sem amor e nem glória, na treva que em mim s'aflora!