Soneto ao Temporal

Chove, molha, esfria
O corpo nu, n’água tenta
Lavar-lhe a alma que enfrenta
O amaro da dor, o dulçor da alegria

Cai firme o temporal
Limpa, lava, leva
Leve tudo que se preza
De sua dança eternal

Faz da vida aquele instante
Do pobre coração errante
Que teima em te amar

Molhado, abençoado
Do céu encharcado
Quer em teu peito também reinar.