Desde a reviravolta em minha vida tenho caminhado dentro de um túnel escuro e penoso, com a certeza de mudança gravada em minha cabeça. De tempos em tempos eu caminhava mais um pequeno passo rumo ao fim do túnel. E assim tenho feito incansavelmente.

Procurando desesperadamente a luz da chegada, do triunfo, tenho me acostumado a me conformar em apenas senti-la, cada vez mais próxima. E é nessa procura que me concentro todos os dias a é ela que me faz sobreviver.

Durante minha viagem, a escuridão me engoliu e fui dominada pelos piores sentimentos de agonia, de desespero, de desilusão. Já fui ao fundo de um poço. Já estive completamente perdida. Já derramei muitas lágrimas. Já me esforcei ao máximo para mudar.

Escrevi dezenas de textos sobre o assunto, mas nenhum nunca me consolou. Palavras de coragem nunca me fizeram encontra-la em mim. Palavras de mudança nunca as tornaram realidade em minha vida. Mas, as palavras de sofrimento me fizeram me afundar na escuridão.

Passaram-se dias. Passaram-se semanas. Me convenci desde o início a jamais olhar para trás ou sequer me sentir arrependida. Mas agora eu olhei. E o que vejo, à luz da entrada de meu túnel, me faz sentir saudade, me faz sentir alívio, me faz sentir alegria.

Não sei qual é a fórmula mágica, mas os dias negros vão se apagando lentamente dentro de mim. Não que não existam mais mágoas ou ressentimentos, mas a luz da entrada me faz voltar passando por cima deles. Não que não queira mudanças, mas decidi faze-las de forma lenta e gradual. De um jeito mais seguro, de um jeito mais racional. E, de repente, me vejo voltando ao começo.

Caminho agora lentamente e, em parte, insegura. Mas, mesmo assim, a volta está sendo mais rápida e menos dolorosa que a ida. Ela apenas começou, tenho consciência que tenho ainda coisas difíceis a fazer, mas já me sinto bem melhor assim. Descobri, hoje, que a luz que procurava desesperadamente não estava no fim do túnel, mas sim, de onde eu saí.

Caminho, cheia de esperanças, para a luz no fim do túnel, que, na verdade, foi a sua entrada tempos atrás. Tenho medo. Espero não me arrepender da volta mais tarde. Tenho ódio de ter sido fraca para me deixar levar pelo coração. Mas, talvez, o melhor mesmo seja não destruir esse sentimento tão forte que, um dia, acreditei ser capaz de mudar o mundo, de solucionar tudo. Não tenho certeza ainda, mas, assim, vou levando.

Os pedaços do meu coração estão novamente se unindo. E a cola, meu Deus, é a AMIZADE.

Em um túnel escuro e penoso caminhei... e encontrei a saída exatamente onde era a entrada.

Deu pra entender?
aecio gonçalves siva de olivera
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