As ruas, cheias de reis e rainhas enlatados,

pobres soldados pagos pelo morto poder;

desvio dos corpos celestes espatifados como estrelas acometidas de suicídio,

faço minhas as palavras de quem passou por aqui e sofreu na pele

o ódio dos que comem ouro e lambem prata,

dos que viram o cubo mágico guardando o sol da redenção

num pote de juízo temperado com a carne de deuses...

 

Hoje o dia está bonito, sem feiuras, sem espinhos ou foices,

às cegas crianças vão às escolas e pedem esmolas,

mais pão, mais carne, mais saber, mais devoção,

hoje o dia está lindo que dá vontade de gritar

que te amo mesmo que não saiba quem és... 

 

Queria ter um avô do meu lado,

um livro mágico que nos fizessem voar sobre a última camada,

queria ter ganho um  prêmio Pulitzer,

uma máquina fotográfica automática,

mas só tenho este par de olhos

que dançam sobre as cores

e buscam sentido

onde tudo parece estar perdido...

,

 

Prieto Moreno
© Todos os direitos reservados