Quantas línguas terei que falar para aprender a falar de amor,
que saiam dos lábios pétalas de flor,
que cale o sangue da divindade da dúvida?
Quantas uniões terei que fazer entre as coisas do céu e da terra
até que me separe das dúvidas e viva das certezas que a fé traz,
o lugar de onde sai a certeza a andar pelo mundo,
onde morrem os tolos e vivem os desconfiados,
homens à beira do poço
escutando o cântico dos anjos d'água?
Faço das palavras do meu espírito as da carne em que me faço
um homem de poucas leis e muitos saltos,
aqui, de onde partem versos e de onde sempre parto
em busca da ressurreição que me leve ao alto
que está embaixo dos meus pés...
As revoluções começam quando cessa o silêncio e a lua se esconde
dos olhos do sol e dali partem as antigas sensações revolucionárias...
Quantas faces terei que supor ter até ver
os lábios da esfinge me perguntando:
decifra-te ou me devores...
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