Me rendo e nem sei a que,

se nasci entregue ao que sentiram e por eles senti,

se sem ver vi

estranhos desejos em forma de sonhos submersos,

se de lugar nenhum parti

e hoje, lugar nenhum de agora,

estou aqui,

preso ao tempo com asas de versos

como se de novo quisesse fugir...

 

Abro os olhos e o céu e o inferno caem em minhas mãos,

os separo como faço com a faca e o pão,

compreendo minha humanidade e sigo, humilde,

levando os pertences que Deus me deu,

o que penso ser,

o que não sou

e este eu...

 

Ouço que o amor nasceu depois do ódio,

que a fome, mãe do desespero,

levou-o ao alto do pódio,

e deu-lhe o medo...

 

Ainda que o procure nas noites escuras dos meus dias,

só às vezes o encontro, perdido e encontrado,

num canto, mudo, de outra feita exuberante poesia,

a me olhar, a me perguntar, ama ou és amado?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Prieto Moreno
© Todos os direitos reservados