Me rendo e nem sei a que,
se nasci entregue ao que sentiram e por eles senti,
se sem ver vi
estranhos desejos em forma de sonhos submersos,
se de lugar nenhum parti
e hoje, lugar nenhum de agora,
estou aqui,
preso ao tempo com asas de versos
como se de novo quisesse fugir...
Abro os olhos e o céu e o inferno caem em minhas mãos,
os separo como faço com a faca e o pão,
compreendo minha humanidade e sigo, humilde,
levando os pertences que Deus me deu,
o que penso ser,
o que não sou
e este eu...
Ouço que o amor nasceu depois do ódio,
que a fome, mãe do desespero,
levou-o ao alto do pódio,
e deu-lhe o medo...
Ainda que o procure nas noites escuras dos meus dias,
só às vezes o encontro, perdido e encontrado,
num canto, mudo, de outra feita exuberante poesia,
a me olhar, a me perguntar, ama ou és amado?
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