DE LUIZ HUMBERTO (30-04-90)
Quando a cabeça nada tem a dizer
E a alma tudo a falar
A boca se perde em silencio
Que o coração não quer calar
Nesta hora o sentimento aflito
Se funde ao conflito e
Desesperadamente deixa escapar um grito
Que ecoa pelos sete cantos do corpo quase morto
Carregado de culpa, de ignorância, de ansiedade
E de questionamentos:
Porque na cabeça o nada e na alma o tudo?
Por que na boca o silencio e no coração a inquietude?
Quem fala mais alto?
A cabeça que dirige o corpo ou o corpo que mantém
a alma que não se acalma?
A voz não sai - A resposta não vem
O tudo se esvai - E o vazio me detém
Quero sair “do nada” e ir além do tudo
A mão predisposta esboça um gesto
O olhar procura ao longe um não sei o quê
O que fazer? O que escrever, o quê, o quê, o quê?
O pensamento enfrenta a cabeça vazia e
encabeça à frente, às pressas, o titulo “Do nada”.
Mas de nada adianta intitular o nada,
se nada sai “do nada” sem que o poeta nada faça.
Nada, é tão vasto, tão imenso, tão intenso, que tudo que sinto em nada sentir é o tudo que fez “Do nada” o tudo deste poema.
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