O dia amanhece e nada acontece.
Um marasmo que atrofia
me impede de agir
ignorando o dia,
levando-me a desperdícios.
Desprezo as boas novas da manhã,
rasgo o papel em branco no afã
de não reverter o texto,
viver o mesmo contexto,
dar vazão ao pranto
como se lágrima fosse bom pretexto.
Perco a chance do recomeço,
vejo rolarem as horas
pelo ralo do esgoto de minha inércia
ciente de que cada minuto perdido
é tempo que poderia ser vivido
num saber viver de ter valido a pena.
O dia anoitece e nada acontece,
a calma reinante irrita minh’alma.
Clamo pela inquietude a me chacoalhar,
a me dizer: Vai lá!
Uma prisão fictícia me alicia,
asfixia meu recomeçar.
O silêncio vem com a madrugada.
De tão calada aguça minha indolência
sob a luz do branco opaco da lua minguante
e do tremeluzido brilho de uma estrela oscilante
pactuando com o quebra-luz de meu quarto.
Amanhece ...e nada acontece.
_Carmen Lúcia_
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