SAUDADE DE MÃE
 
Mãe, depois que você foi para o céu, tudo aqui ficou triste.
Às vezes, sorrio, mãe, mas sei que meu sorriso está me traindo.
Não há motivos para me alegrar, alegria em mim não existe.
Dou passos em meus caminhos, como alguém se despedindo.
 
Ao lhe pedir a bênção, mãe, eu ouvia: - Deus te abençoa, meu filho!
Suas súplicas eram atendidas por Deus; e eu me sentia muito bem.
O dia todo eu ficava em paz e tranquilo, e até o sol tinha mais brilho.
Com amor de filho, eu lhe beijava, e a senhora me beijava também.
 
Hoje, ninguém me abençoa como a senhora, amorosamente, fazia.
E sem a sua bênção, vejo sombras na estrada do meu destino.
Com isso, sofro fadigas e dor de quem padece de paralisia.
Vida vazia me acena, e estão mortos até meus sonhos de menino.
 
À noite, olho o céu distante, vejo estrela cintilante sem fim.
No meio dos astros, a senhora é a estrela que mais luz tem.
O seu brilho rompe as nuvens enegrecidas, e olha para mim.
E, eu, troco olhares com a senhora, e mais saudade vem.
 
Eu me lembro da senhora todo tempo, todo dia, toda hora. 
Não me esqueço dos biscoitos de polvilho que a senhora fazia.   
Lembranças tenho dos seus pastéis, que ninguém faz agora.
Tenho saudade dos suas tapinhas; eu chorava, mas nem doía.
Mãe quisera, hoje, receber suas tapinhas; eu seria bem feliz!
Se assim fosse, sentiria a sua presença viva, pertinho de mim.
Mas Deus lhe chamou, e a senhora se foi, quando Ele quis.
Hoje, o dia amanhece, e me falta a sua prece rogando por mim.
 
Sem preces, a angústia vem, e eu choro a sua ausência  doída.
Não sei até quando ficarei aqui, aonde vivem outros filhos seus.
Até posso ir ao seu encontro, mas espero o momento da partida.
Enquanto isso, dedico o que me resta aos queridos meus.
 
Eu não sabia o quanto dói a perda de nossa mãe querida. 
Sei que a senhora vive no céu, mas a minha alma lhe retém 
Meu olhar não a vê, só minha alma não lhe deixa esquecida 
Se a senhora morrer dento de mim, morto estarei também.
 
É assim, mãe, a saudade vive comigo e me bate muito forte.
Bem sei que esta nostalgia vai permanecer doendo assim.
E assim, mãe, caminho com imenso pesar e a dor da morte.
Na terra tudo morre, mas saudade de mãe não morre assim.
 
Autoria:  Wenceslau da Cunha

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