A cigarra zunindo a beira do caminho
O cupinzeiro alastrando a sua traça
um João de barro construindo o ninho
Um carcará arisco mirando a sua caça...

Um Violeiro canta em trovas suas mágoas
O sertanejo capina o roçado já perdido
Um vaqueiro com olhos rasos d'água
Chora o berro do bezerro já caído...

A beira da estrada abandonada
A casinha de taipa ainda resiste
Era de um vaqueiro a morada
Levado pra são Paulo foi tão triste.

O barreiro engasgado só de lama
Ainda jorra água na cacimba lamacenta
Um cantador no lombo de uma jumenta
De Lampião justiceiro aumenta a fama

Já correndo o pau de arara corta a serra
Levando tantas mãos cheias de calo
Deixa então sertanejo a sua terra
Pra mexer a saudade no cimento de são paulo

Carlos Cintra
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