Não entendo:
Pra que tanta festa,
Tanto riso,
Tanto artifício nos abraços
Tanta euforia pelas ruas
Tanta máscara no chão atirada
Desmascarando a face crua!
 
Entendo sim:
O mendigo à olhar para a lua,
Deitado triste e só, sem carnaval,
Tendo como cobertor os últimos confetes lançados,
Numa falsa alegria de um dia banal.
 
Não entendo:
Pra que tanto colorido,
Tanto brilho,
Tanto luxo,
Tanta fantasia...
A roupa estampada da realidade
É a que vamos, quando vestida,
Recomeçar novo dia.
 
Entendo sim:
A pobre mãe com a esperança no ventre.
A vagar pelas estrelas mendigando um pão
E vendo desfilar a falsa alegria sente
Que só lhe restaram sobras de ilusão....
 
 
 
 
 
 

Néo Costa
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