Essa divisão já era esperada
Como o rio corta as veias do oceano

 
A casa caiu na solidão conquistada
Pela branca névoa do seu engano
 
Agarrou-se na matéria firme de valor
Esqueceu-se da ferrugem na traça futura
Perturbou-se com palavras sem cor
E perdeu a posição de pessoa pura
 
Cada ameaça perturba o pensamento
Que gira com a noite até dormir
Sem sonhos, espera um próximo encanto
Sem Alice, chora a fábula do amor até cair
 
Em luzes e trevas que assombram o próximo
Ao seu lado, lê a vida na sombra que te acompanha
Deixa ela passar, ela corre e tropeça no erro ácido
Escorrem a culpa já derramada no calmo berço que assanha
 
O azul do céu se confunde com o verde de seus olhos
Que iluminam o final da tragédia taciturna
Grandes dias passam com pequenas dúvidas sob seus passos
Um vício de ouvir o que o senso não acusa, sem precisão afirma
 
Não quer mais, joga fora o cancioneiro
Lê o livro página por capa na face
Cospe na calma que clama por paz em desespero
Sai da casa que cai sobre o tempo que nasce
 
Um dia por milhares de vezes pensa na alma
Que cansa e descansa no meio da ida
Escorre palavras que decora na letra da palma
Mão que acaricia e apedreja dia-a dia, a vida
 
Vando Deparis

Vando Deparis
© Todos os direitos reservados