Como é doce o modo em que ela pousa o lábio um no outro;
Como é insensata a forma com que ela os deixa em repouso;
O vigor de sua saliva, contornando-os por meio de um brilho indizível,
Comove-me com o ardor segredado dos teus olhos,
Alivia-me, desmascarando nosso crédulo porvir.
Ascendendo as trilhas que depositar-nos-á erroneamente na superfície dimensional de alguma estrela,
Iremos juntas percorrer todo o universo, desvendá-lo com nossa mágica do amor,
O amor é único e tudo pode, tudo incandesce, glorifica e purifica,
Toda a exatidão perde os sentidos fronte ao amor,
Tudo o mais é supérfluo, é indigno de perpetuar-se recorrendo ao afeto indolente,
Como foi bom tê-la escutado, ter sentido tuas canções ressoar no mais íntimo de mim,
Como foi importante para mim tê-la encontrado, ter me apaixonado, ter deixado meus olhos dizerem, o que não cabia às minhas palavras,
Como foi sábio de minha parte deixar-me conduzir por esse amor, permitir-me emaranhar meio às tuas acolhidas, meio ao nosso templo exacerbado de emoções, meio aos teus olhos tão capazes e prontos para qualquer loucura,
E como são doces os fios de teus cabelos, o desenho voluptuoso do teu colo,
E teu abraço compacto, condicionado à fonte d’alma tua, necessária à minha sede, ao meu alento, meu riso.

26/08/05 e 27/08/05, em casa