Eu estou tão contente, mas tão contente, que, estou até ficando triste.
Todos os sentidos de minha alegria vão tornando-se escassos, vão transformando-se em nada, absolutamente e recheado de nada.
É uma alegria que rompe os limites do coração, que transborda, que explode em partículas e inunda tudo o que se encontra ao meu redor.
É uma alegria tão singela, tão sinistra!
E aos poucos eu não vou sentindo mais nada, absolutamente e coberto de recheio de nada.
Eu vou transmutando por sensações além do nada, na medida do nada, ultrapassando a barreira do mais grandioso e irremediável nada.
Vou dormindo uma alegria não compartilhada, uma alegria solitária, que persiste na idéia de alguém.
Vou morrendo uma alegria extirpada, congelada.
Vou sofrendo uma alegria penosa,
Escapando ao indolor,
Pervertendo o próprio amor imorredouro.
Vou cambaleando uma alegria denegrida, fabulosa.
Vou desfalecendo uma alegria doentia, besta, vazia.

02/09/05, em casa