Distante ainda que Presente

Distante de mais pra eu dizer um sim,
Expor-me, confessar-me enfim,
Perto de mais pra ser dito alguma coisa,
Meus lábios mal são capazes de mover-se,
Diluirem-se em palavras,
Muito interno pra ser visto alguma coisa,
Muito expresso pra ser despercebido,
Muito de manhã ainda,
Pra me sobrecarregar de você,
O amor, não é mais do que uma palavra até que,
Até que meu coração te ouça,
Até que tua intensidade ultrapasse toda a velocidade existente e se instale irremediavelmente em meu peito, em meu corpo,
Tornando-se o meu amor, fazendo-se permanente,
Presente em tudo, em meu sono, descanso, em todos os vãos de meu espírito, há a doçura que te embala, que te envolve, que me desarma, que me mantém de mais ninguém.

Feito numa manhã, um dia antes de vê-la, cheia de coragem, revendo os meus medos, lutando comigo mesma.

Em casa, 14 de março de 2005