Querida, culpada de toda a minha agonia, revida,
sempre me fazendo vítima, tortura, sorrindo feito louca,
ignora, me olhando bem nos olhos, me reprova,
renovando a minha mágoa, me olha, adora, tão próxima,
sem ser minha.
Repousa os olhos em mim, disfarça, dissimulada,
me lança às lágrimas, ao riso torto, idiota, sem cor.
Indigna, eu te quero, te espero, me atrevo, enlouqueço.
Lanço-me ao cru, de qualquer azul, sem ponte, sem céu,
sem Laura, sem cor alguma.
Querida, está perdoada de toda a minha vã desgraça,
inexistente, doentia, dançante em minhas vistas,
ironia, vazio, dor, amor, tudo, em grandes quantidades,
incapazes de não me ferir, me trair, enganar,
contorcer-me, pisotear-me,
sem por quês, eu te quero, te nego, te mato, dentro de mim.

Aqui eu descrevo como é estar com ela, em detalhes, cito a ponte que passamos juntas, dando prioridade aos gestos dela, que me fascinam, pela maneira como me olha, como faz com que eu me perca, perca o rumo, perca até as palavras.

Em casa, feita em março, dia 15, 2005