O mundo me diz: – Traga os pés presos ao chão para não vacilar na caminhada. A razão e a coerência devem te guiar.
Para melhor equilíbrio deve manter os pés paralelos.
Para melhor equilíbrio mantenha os pés no caminho do meio.
Penso... E penso...
Tento conter os desvarios, as utopias, os devaneios? Não sei!
Oro para receber a luz que me oriente. Para ser justa. Para que meus pés me levem no caminho reto.
Entretanto todos os caminhos me levam ao infinito, me fazem sonhar e ousar... Pois sou pura fantasia!
Sou fetiche em forma de gente! Não adianta...
A soma de toda minha razão diz que sou só sentimento. Minha cabeça não vive neste mundo.
Tento me concentrar e não consigo, tento me conter... Em vão!
Minha alma vaga onde meus pés não alcançam e, somente lá, encontro quem realmente sou.
Tenho um espírito livre dos grilhões racionais que a sociedade impõe. Sou humanamente desvairada, inconsequentemente lúcida.
A estrada que percorro não tem chão, não tem caminho, não tem direção, nem tem estrada... Nela, meus pés são inúteis.
Tenho alma de poeta! Tenho sede de viver!
Sou assim, e assim quero ser. E só assim sei viver!
Penso... Penso...
Penso e decido abandonar tudo que é certo e seguro para viver tão somente com o que é louco pois, minha loucura é racional.
Não posso caminhar com os pés presos ao chão, como um dia pensei. Como um dia me disseram.
Definitivamente não, é contrassenso. Não se cria liberdade assim.
Preciso mais é me inspirar!
Posso tolher uma mente fértil, num vasto jardim de ideias? Não!
Posso roubar-me as chances de inventar? Não!
Não... Não... Seguramente não!
Então, para absolutamente de nada me servem meus pés. Os que tento, inutilmente, manter equilibrados...
Penso... Penso...
Penso e decido que o melhor é esquecer essa história de pés presos ao chão. De pés fincados na terra. De pés...
Afinal, não sou árvore pra viver enraizada.
Minha viagem, neste mundo, é bandoleira. O peso da minha mala é só de sonhos!

 
Penso... E, então, decido... Para que quero pés se tenho asas para voar?!

Mônica Gomes
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