Meu amor,
Que medo você me colocou,
Jogando contra mim suas palavras,
Que certas ou erradas,
Certeiras, mal armadas,
Atingiram-me o peito.
Você disse que me mata
Se eu te bater.
Você disse que eu nunca mais
Verei minha mãe
Se eu não amar você.
Minha querida garota,
Só existe um Breguêdo,
Este palhaço triste não tem clone,
Este palhaço triste
Não tem peito de super-homem.
Ele é só um,
Não tente destruí-lo,
Um dia ele ainda será
Entre os artistas um mito
A história dele já está escrito.
Não mate esse poeta,
Por favor!!!
Temos nossas diferenças,
Elas nada têm a ver
Com o trovador.
Você namora o homem,
Deixe a humanidade conhecer
O alter ego deste seu amor.
Talvez um dia
Alguém vai entendê-lo.
E vão comprar seus livros,
E vão recitá-lo
Nas rodas de amigos.
Meu amor não me assuste
Com a desproporção do seu carinho,
Minhas metáforas
Não têm espinhos,
Então eu nunca vou
Te machucar.
Minha mãe e o meu pai
São tudo o que tenho,
Além dos livros que nunca
Vou ver publicar.
Não me negue de vê-los,
De vê-los chorar porque me fui,
Como um anjo bom
Que não bate em mulheres com as mãos,
Mas as destrói
Com palavras bonitas
Endereçadas aos seus corações.
Não sei ser bom
Porque não sou,
Sou arroz grosso.
Minha alma é um poço
De tristeza,
Cheio até a tampa
De lágrimas cristalinas e brancas,
Que derramei
Por você.
Não me mate
Sem que eu aprenda a escrever,
Sem que eu passe no vestibular
E aprenda a tocar
Violão
Com o meu coração.
Não me mate
Sem antes eu provar
Seu bolo de cenoura,
Sem que compre uma fazenda
E lhe mostre sobre cavalos brancos
A lavoura.
Ah, minha menina, que
Sempre me esforcei para respeitar,
Eu sou poeta,
Não sou comum,
Estou cortado por dentro.
Gostaria de me esconder de você
Disfarçado de um pé de coentro
Na horta da minha mãe,
Para que ela fosse todos os dias
Me visitar.
Como gosto da minha
Mãezinha!!!
Deixe-me olhá-la cochilar
Na sala
Enquanto posso,
Amanhã pode ser que uma mulher
Maluca me perfure
A carne até os ossos.
Deixe-me beijá-la
Enquanto sou seu filho desempregado,
Amanhã pode ser que uma mulher
Me proíba
Mantendo-me preso em um cadeado.
Mas se deus é bom e existe,
Se ele acredita em mim
E insiste
Que serei um dos maiores poetas da terra,
Espero que ele não crie
Nenhum desastre para mim.
Hoje perdi meu rebolado,
Senti-me deserdado,
Solitário no mundo,
Fui ameaçado no eu mais profundo:
Alguém desejou
Matar a minha pessoa...
Deus que a todos os gênios abençoa
Não deixará que matem
A minha poesia,
Pois tão grande seria a ironia
Se necessário fosse
Dar o pescoço à foice
Para o poeta nascer.
Neste poema resolvi não citar nomes,
Para não delatar meu assassino.
Mas minhas poesias
A partir deste momento,
Que sejam cantadas como um hino,
Que entre por mentes,
Que possua gente,
Que faça o homem amar,
Que faça o homem matar.
Esse é o meu hino,
Um hino de morte.