Quando eu morrer,
Não quero fama, nem estardalhaço.
Não quero caixão de pinho,
Nem gravata de laço.
Menino, hoje sou vivo e belo
E ninguém vê meu sorriso amarelo.
Amanhã quando eu morrer,
Tirarão do meu pé o chinelo
E esculpirão em bronze
Bengala ou cutelo,
Plaqueta para o senhor administrador
Assinar: poeta, menino, poeta!!
Me cobrirão com o pó
Do ouro amarelo
E a glória me darão em verdade,
Dos empresários serei a vaidade,
Seu ouro e sua vida,
O caviar e a bebida.
Quando eu morrer,
Não quero fama, nem estardalhaço,
Os homens declamando meu nome
Como estúpidos palhaços,
As moças me enrolando em abraços.
Nas escolas,
Não quero que estudem
A minha vida em bagaço.
Ou mesmo que revolucionei,
Que uma escola literária inventei,
Não me cante como herói
Para que o povo me compre,
Mas folheiem
Minha vida
Num instante.