O Bêbado! (11)
Lá vinha ele, em ziguezague.
Olhava o céu, e dedo a cima,
como se ao ar fizesse um risco.
Como marisco se agarrava,
de vez em quando, nas luminárias
que iluminava.
Falava só,
falava alto, chorava e ria.
Era um louco e criativo,
estava vivo, um homem morto,
andava torto, e tinha um bafo,
halitotasso, era um ébrio,
não tinha tédio, ria e chorava,
então cantava, e discursava.
Quando lembrava, da garrafinha!
Com ela em punho, e mais um gole,
no mês de junho, vinha da festa
de são João, que escravidão!
Então o vício não lhe poupava,
já de manhã no outro dia,
por dentro ardia em seu desejo,
já no bocejo do amanhecer,
necessidade de ir beber.
Solver a dentro o vício amargo,
em goles largos que soluçava.
tombou um dia no pó da rua,
de alma nua, ali protrado!
Desacordado em plena lua,
que a alma sua tinha chorado!
Arrependido e sem família,
que em nenhum dia lhe socorreu.
Então morreu no frio ao vento,
só, sem talento, sem ter onde ir.
José Aparecido Ignacio
30-08-2013
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