Hoje sou dia sem luz.
A noite me roubou o amanhecer,
cravou-me sua escuridão,
adiou seu anoitecer .
Quis para si todo clarão,
sequestrou a lua
e na avidez de tê-la
apagou as estrelas,
atirou-me ao chão, nua.
Na penumbra, tateio o espaço.
Vagueio, me venço pelo cansaço.
Não sei o que faço.
Procuro e não acho.
Não vejo o sol.
As manhãs.
O arrebol.
O verde das hortelãs
O volver dos girassóis.
As cores, os matizes,
a complementação dos arco-íris.
Perco-me na escuridão.
Da alma, o questionamento:
Qual a cor da solidão?
Da dor, do confinamento?
Da aflição, do desamor?
Da separação, do sofrimento?
Da vida por um fio
lançada ao desafio
da fome que impele
que o espírito se rebele?
_Carmen Lúcia_
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