DE LUIZ HUMBERTO
Pássaros, rua, árvore, passos.
Laços, traços, lua e luz.
Ruas e árvores nuas.
Pássaros passam
Pessoas pensam
Lançam lenços
Sem fulgor
Via cruel
Fugaz
Nada
Mais
Há.
Passarinhada
Há revoada
Há re-voar
sob a névoa
da retina.
Há resinas nas
asas que fisicamente
não voam. São
asas drásticas
Pragmáticas
Plasmáticas
Pneumáticas
Sintomáticas
Fantásticas
Lunáticas
Fanáticas
Elásticas
Estáticas
Plásticas
e ácidas!
Simplesmente são
asas pictóricas e emolduradas
que não voam
que não vão a lugar algum
a porto nenhum!
Mas, aportam?
Ironicamente não.
E nem se importam!
Mas a pobre árvore semi-viva
aos prantos anseia pelos cânticos
que o mais hábil dos artistas não conseguiu retratar.
E lá no silêncio, na inquietude, ela fica na eterna espera
pelos silvos que os pinceis de ouro não conseguiram plasmar
na tela intitulada por alguns como “pássaros emoldurados” e por outros
como “Natureza morta” e por mim, como “mórbida natureza sórdida”.
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