O céu há de mostrar-me os teus castelos,

e a noite vai se erguer nos olhos belos

da minha alva menina...

E, quando ela arquejar por entre o prado,

o vento vai lhe dar, como um agrado

seu divã na colina.

 

Acorda com gorjeios a natura

num sonho de esperança e de ventura

de estio nesta manhã;

se o anjo que dourou minha jornada,

murmura o doce amor com voz de fada,

com infinito afã.

 

O céu há de verter meigos lampejos,

e morreremos no calor dos beijos

que a alma nos inebria.

Meu olhar será o sol do dia ardente,

vou aquecer com meu fitar demente

a sua pele fria.

 

Nas formas de seu riso tão ditoso

o mundo me parece esplendoroso,

como um raro delírio!

Ela é a filha do albor que me vela,

é pálida qual neve que enregela...

ela é filha do lírio!

 

Talvez o gondoleiro seu serei!

Nos ares perfumados como um rei

desta noturna Itália,

vou libertar de meu peito este anseio,

num grito que vai habitar seu seio:

- Como te amo, Natália!

 

 

 

Alexandre Campanhola
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