A MÁQUINA DO TEMPO

A MÁQUINA DO TEMPO

 Ali pousada em minha sala,
Imóvel, silenciosa, desligada,
A tão sonhada Máquina do Tempo.
Removida a cobertura
Que escondia os seus mistérios,                                      
Tem início uma aventura
Em forma de um sonho lento.
Imagens paradas,
Coloridas, desbotadas,
Podem ser vistas lá dentro.
Vejo amigos, parentes, lugares,
As farras, as festas, os bares,
A primeira namorada
Com o rosto que amei um dia.
E ao seu lado, abobalhado,
Um clone meu, tu dirias.
Até meu pai, falecido,
Com seu rosto comprido,
Seu riso tímido e franco,
E o velho chapéu de massa.
Vejo o cigarro, vejo a fumaça
Que sobe em espirais,
E suas pernas compridas
De quem andou toda vida
Por selvas, caatingas e manguezais.
Todas estas coisas
Em delírio imaginei.
Apenas sonhos e fantasias...
 
Nem máquina, nem viagem,
Nem vertigem,
Só minha vida em reprise

Num álbum de fotografias. 

Meu querido pai, já falecido, foi seringueiro nas matas do Acre durante a segunda guerra mundial, este o motivo que me levou a citar suas andanças "por selvas, caatingas e manguezais".
Jota Garcia
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