Eu sei que tens...

Eu sei.
Sei que tens me amado,
me acolhido,
me confortado.
Sei que tens me escutado,
estancado minhas feridas,
permanecido.
Sei que tens palavras,
inesperadas, inauditas
no meu espaço diminuto,
que ora ferem como estacas,
ora me perdem em deguste.
Sei que tens as perguntas travadas na língua,
as respostas ilusórias
pra minha boca mordida.
Sei que tens os ossos carcomidos
sob o manto dos longos dias que passaram.
Sei que tens as cenas insânias cravadas no peito,
solitários o pranto e as penas,
os ramos enraizados,
as velas arriadas,
o frio nas janelas.
Sei que tens os sonhos que me embalam,
a constância que preciso,
o início a avidez as miragens.
Sei que quando mínima,
em ti maximizo, exteriorizo, enraízo.
Sei que em teus recantos
recomponho minhas pernas trôpegas,
minhas visões perenes,
minha atmosfera.
Sei que em ti posso voar,
dar-me nova forma e cor,
e ao tê-lo em presto afago,
acrescer meu imperfeito amor.






Cris Campos

Cris Campos
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