A dor esmaga,
faz da alma ponte rompida,
do espirito órfão.
Dilacera,
derrama as lágrimas como ácido,
atravessa a calada da noite,
mata de fome e sede.
Faz dos doces suspiros
estampidos ensurdecedores,
abre charcos de lodo sob os pés.
Transmuta sonhos em frieza,
tapulha casulos impedindo
o bater das asas.
Trânsfuga enche o peito de desalento,
dissuade a coragem,
peregrina no gélido deserto
das incompreensões e temores.
Apura no fogo,
faz da tristeza refém,
sem a prerrogativa do resgate.
Agoniza no insidioso pressentir,
busca desfrute nos devaneios,
lança desbaratadas redes em mar aberto.
Estende-se como frio lençol
a espera de um desfalecer
lento e cruciante.
Com guarida acorda toda noite
faz de cada estrela um poema
ofertado com palavras apáticas
de desamor e desencanto.
Quieta, envolta em suas teias
cala as mágoas que gritam
na chuva interminável,
pedindo alvorada.
Cris Campos
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