A PRAGA
Rio, 29/11/2003.
A boca feita foi para falar
Mas há tempo de calar
O ouvido para ouvir
Os pés para fugir
Do mal que está para vir
Os olhos para olhar
O tempo na ampulheta
Que está a esgotar
E os gafanhotos em bando
Comendo todo o verde
Num campo de concreto
D´um acontecimento real
E realmente não foram eles
São laranjas as dúzias
Quais tipos de laranjas, afinal?
Pêras, seletas ou da baia?
E o feijão de montão,
O arroz com macarrão,
O frango com o coração
E o preço uma tentação.
Aconteceu no Egito!!!
Ouve-se tamanho grito
E d´uma lei soou o apito:
Praga de gafanhotos
Levantou-se na eleição!
Corja de salafrários na nação,
Nódoa que mancha a pátria!
E têm todos colarinhos brancos,
E muito verde nos bancos,
E riem da mulher vendada
Faz jus e atiça a tartaruga
Que segue muito lenta
E cai no abismo do esquecimento
Com o barco e prédio,
Com os anões e o remédio,
Com as pedras que são preciosas
E os fiscais em dores copiosas
Merecem todos um brasume
De ferro que marque
Escrito em pura arte:
«EXCREMENTO DA NAÇÃO»
«FILHOS DE PROSTITUIÇÃO»
SEDNAN MOURA
Pela data que consta acima na poesia + ou - a data dos acontecimentos. Burlaram preço da merenda em certo estado (notícia da televisão) para ganhar vantagens, também outros acontecimentos como: o barco que afundou, as falcatruas nos remédios, anões do orçamento, ministro que estava fazendo contrabando de pedras preciosas e fiscais que andaram metendo a mão, e por fim a Justiça que é cega e lenta.Rio de Janeiro
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