Ninguém mais reconhece o valor
do que é para Deus essencial?
Para que praticar-se tanto mal
se o maior mandamento é o amor?
Para que tanto ódio e rancor
se Deus tem para todos o perdão?
Para que fomentar no coração
desencanto, amargura e tristeza?
Para que se juntar tanta riqueza
se ninguém leva nada no caixão?
A riqueza que é acumulada
faz o rico feliz com a fartura
No entanto descendo à sepultura
do que tinha não pode levar nada
A mortalha pra ele costurada
tanto faz se é de seda ou algodão
Qual finado faz avaliação
do valor para cada vela acesa?
Para que se juntar tanta riqueza
se ninguém leva nada no caixão?
Quando o filho do rico é criança
tem fineza, conceito e virtude
Mas chegando na sua juventude
só se importa com sua abastança
Sem trabalho ganhou sua herança
e só vive pra farra e diversão
Ele esbanja sem ter limitação
que a fortuna é quem paga a despesa
Para que se juntar tanta riqueza
se ninguém leva nada no caixão?
Todo aquele que é um avarento
dá valor demasiado ao dinheiro
Conta cada centavo o mês inteiro
e o lucro não sai do pensamento
Reprovável no seu comportamento
não ajuda quem anda em precisão
E não ter lá no céu um galardão
é o prêmio da sua avareza
Para que se juntar tanta riqueza
se ninguém leva nada no caixão?
Para que desejar tirar vantagem
de uma forma de vida gananciosa
e morar numa casa luxuosa
com o carro do ano na garagem
e depois uma grande porcentagem
entregar de uma vez a um ladrão
se Deus sempre nos dá a provisão
não deixando faltar em nossa mesa?
Para que se juntar tanta riqueza
se ninguém leva nada no caixão?
Quando o pobre sai da realidade
chega sonha ficar milionário
Gasta mais do que pode em crediário
imitando os da alta-sociedade
Quem deseja gozar felicidade
não precisa juntar nem um milhão
Mas o germe da insatisfação
dá ao pobre a mania de grandeza
Para que se juntar tanta riqueza
se ninguém leva nada no caixão?
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