Nunca sonhei, minha imaginação é um cemitério.
Há em mim uma enchente de sentimentos sem pronúncia
E diversos desejos nevoentos que nascem para a renúncia
De uma alma negra, de um coração negro e funéreo.
Meu ser por inteiro é um arruinado e velho templo
Onde missas secretas ocorreram na escuridão de outrora.
Nunca vi o dia, meus olhos se acostumaram a não ver a aurora
E no crepúsculo treviano, na desvida retirei meu exemplo.
Assim como um ser abissal, como monstruoso vampiro
Caminhei em uma existência apenas para oco, existir...
Como pude me enganar e crer que eu pudesse ter a dádiva de sentir?
A cada nascimento de ideias em mim, havia um último suspiro...
Morte de ideais, morte de sonhos, tanta e tanta morte...
E não é este um crime hediondo e imperdoável?
Canto o hino do nada e isto é deveras bizarro, lamentável...
O corcel de ébano vindo do sepulcro se tornou meu transporte...
Morri há muito tempo, quando meus ideais morreram em agonia.
Beijei, amei e me deleitei na maciez de teus cabelos
E foi tão momentâneo, pois ao acabar, só restaram pesadelos,
Porque eu soube que não senti nada impactante, só uma paixão sombria.
Niilista em ânsias de querer algo mais e conseguir de menos, ó lombra!
Êxtase de quem não vive por não encontrar a vida... Desleixo gótico...
Nada impressiona: Nem o comum, nem o incomum e nem o exótico...
Contudo, há ainda a busca infinita... Quando a luz termina, ainda há a sombra...
Licença
Sob licença creative commons
Você pode distribuir este poema, desde que:
- Atribua créditos ao seu autor
- Distribua-o sob essa mesma licença