Não te transpasso mesmo quando me lembro de ti

E não há um único ruído quando falas, nenhum som.

Já não sei dizer se sou demônio mau ou anjo bom,

Se fiz por merecer este silêncio, se algo em mim ainda ri.

 

Do que eu sentia, será que ainda sinto? Será que, de fato, senti?

Não falas, nem eu o faço, em nenhum idioma, em nenhum tom.

O manto da mudez inundou até o olhar, a fala perdeu seu dom

E os gestos também calaram... Silêncio de quando eu morri...

 

Conflito de gênios talvez? Há amor, mas conflitante?

Difícil afirmar: Ninguém fala e a vida continua doce e amarga...

Nem a música invade a alma e os ouvidos... Nada vence-o...

 

Harmonias despedaçadas sem barulho, nada emocionante...

Há algo perdido e que se perde ainda mais na mudez letarga

E dos sentimentos vivos, algo morre devagar no completo silêncio...