Tive  um pai

não sei em que tempo ou em que época.

em algum momento ele se fez presente

mas surgiu e talvez alguma coisa tenha tentado me mostrar.

 

Um dia sentado no assento de uma bicicleta

ele me levava, não interessava onde

pois, me bastava que me levasse

ele parou, e na ausência de palavras ele

me deixou.

 

Tenho saudades desse dia em que um dia tive um pai.

as palavras nada me representavam

os atos eram importantes, pois, revelavam

que um dia tive um pai.

 

Um dia, tive um dia em que tive um pai.

Esse dia foi um dos mais importantes de minha vida.

pois, justamente nesse dia, ele estava ali.

Sabia que suas palavras não representavam os atos 

de que um dia ele foi me pai.

 

Um dia, sabia que meu pai, teve um filho que

sabia que seu pai estava ali.

mesmo sem palavras ele se fez em fim,

me fez sentir que um dia eu tive um pai.

 

A necessidade de ter meu pai

me fez sentir o vazio que seria não ter tido meu pai

Meu pai, acredito, sentia a necessidade de ser pai

mas, o sentido de ser pai não cabia em sua compreensão...

infelizmente.

 

Queria ter tido um pai, não de maneira fugaz

Meu pai foi tão fugaz quanto o desejo de te-lo sentido 

mas, mesmo assim,  senti que um dia poderia ter tido um pai.

e assim ele se fez, simplesmente um pai.

mais nada.

 

Queria ter sentido meu pai,

compreendido suas desilusões e seus anseios

não pude compreende-lo em seus defeitos

porquê não compreenderia os efeitos

que isso traria lá em frente.

 

Não queria ter perdido meu pai.

sua ausência deixou uma vaga

como nas ondas do mar

depois de um turbilhão de águas 

que, com o tempo vão 

levando as areias do mar.

 

 

 

sergio de macedo saldanha
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